Sei
Os
Bi
Cudos
Rosa
Dos
Em
Pé
O dicionário íntimo
Que guardamos na cabeceira
Do nosso mundo
É cheio de diminutivos:
Putinha
Gostosinha
Gostosinho
Fodinha
Chupadinha
Molhadinha
Rosadinha
Que reduz nosso léxico
Amoroso
Em palavras Tesudas
Quando acaba nossa orbita
E nossos corpos celestes
Afastam-se
As bocas trocam os adjetivos
Pelos verbos:
Desejo
Quero
Preciso
Necessito
Pessoas conjugadas
Eu
Tu
Só existimos
Entre quatro paredes
A beleza da Rosa Branca
É que ela é branca e rosa
Uma mistura de flores
Sabores e lábios
Um Copo-de-Leite
Uma Manga-Rosa
Grande e úmida
Carne suculenta
Meu oásis de águas caudalosas
Em que eu me embriago
De joelhos faminto
Matando nossa sede
De arrepios e sussurros
E o perfume rosado
Que ela exala
Fica espalhado em mim
Na minha boca, mãos
Rosto, desejo bruto
E não sai mais
É subcutâneo
Impregna na alma
A pele rosa da Rosa Branca
Abranda o meu brado
Abraço de pernas grossas
No colo divino da vida
Quando ela deita e me mostra
O branco e rosa da Rosa Branca
Que também pode ser morena
Que também pode ser noite
Que também pode ser rubra
Quando ela se mostra
Meu desejo enrijece
Minha boca saliva
Meus olhos petrificam
Deliciando-se
Com a coisa mais divida
Que esse universo infinito
Conseguiu criar
Primaverou
O botão de Rosa se abriu
E o orvalho noturno
Escorreu
Pingando
Quente no lençol
Escrevendo nossa poesia
O gosto do teu gozo é o gosto que
Minha boca procura
Procura manter molhado nos lábios
Teu gemido é o que me faz ouvido
Sinfonia amante de delírio
Teu corpo é a forma que forma meu olhar
Que olha e deleita a deusa que deita
No leito, leitosa e pura
Nossa pele junta
Nós juntos e apertados
Apertando eu lá dentro
Lá dentro de ti eu quero
Ser, e sou... Soul
Ainda guardo
O gosto
Daquela tarde
Na boca
O tempo passa
A vida voa
E a distância que nos marca
Aumenta a saudade em minha boca
Eqüidistante é a vontade
Que nossos olhares expressam
Ao fechar da noite
Do mundo escondidinhos
Bem encaixadinhos
Nós assim sozinhos
Acordaremos os vizinhos!
Se o prazer é secreto
Por que demonstra-o
Aos berros?
O gemido entrega
E por ele, de regra
Não nos damos trégua
A distância que tortura o desejo
Produz uma voz em mim
Que na angustia do não tocá-la
Repete sem fim: Quero
Abraçar-te Anjo
Quero
Sussurrar em teu ouvido
Quero
Acariciar teu corpo
Quero
Tua pele arrepiada
Quero
Ver o prazer fechar teus olhos
Quero
Fazer parte dos teus momentos
Quero
Beijar teus ombros agora
Quero
Percorrer teu pescoço
Quero
Procurar tua boca
Quero
Depois a língua
Quero
Teu gosto em mim
Quero
Quero
Quero
Os quero-queros voam livres pelo som
Que nossos corpos emitem
Quando se tocam
E se aninham em minha boca
Esperando pelo próximo
Bater de nossas asas
Passei a semana toda te procurando pela minha cama
A mão corria só pelo lençol e quando encontrava um ponto
Mais quente puxava-o imaginando seus cabelos
Seus quadris
As pernas se enroscavam ao cobertor procurando calor
E os pés se acariciavam numa espécie de incesto lícito
Nunca disse tantas bobagens ao travesseiro
Deslizava o rosto e de leve os lábios soltavam
Nossas baixarias e nomes próprios que inventamos
Revirava pela cama só para ouví-la gemendo
Roçava minha vontade contra a pele do colchão
E fechava os olhos procurando seu olhar
Em algum lugar de minhas lembranças
Respirava mais rápido a procura do seu cheiro
Do cheiro de nossos dias felizes
A cama nunca foi tão vazia sem você...
A moça
Calorosa
Pedia
Manhosa
E eu dei
Um dedo
De prosa
Na boca rosa
Pluviosa
E ela
Graciosa
Misturava-se à
Minha saliva
Leitosa
Que conversa gostosa
Tivemos