Corre o sangue corre e enche
rente o falo fala quente
sente a pele molhada
arrepiada olha escorrendo salgado
o suor
o desejo em estado líquido
o animal puro
que somos
Num barco sem velas, sem norte
só com o desejo, navego a deriva
sem sorte, guiado pelas estrelas
leitosas ladies da noite
Amar moroso no mar revolto
a correnteza me arrasta à areia
a água está viva entre as fendas
frestas e pedras, carne
Vênus brilha e baila
suores salinos misturam-se
As Três Marias sacrificam astros menores
bacantes rasgam o céu e bebem seu sangue azul
meu corpo flutua entre espumas
pelas mãos dos mitos é oferecido
e entregue às sereias e aos signos
que ao nascer do sol se deitam
em meu peito
Anoitece novamente
e os sinais dos rituais resplandecem
na imagem do Cruzeiro
ao sul de nossos pensamentos